terça-feira, 25 de outubro de 2011

Não Alimente os animais (fase 2)

A pesquisa de movimento que tenho desenvolvido específicamente para o Não alimente os animais é fruto de uma série de perguntas ue tenho sobre o corpo das mulheres travestis. Corpos fortes, potentes, repletos de auto-afirmação, mas que vivem a restrição de uma existência abjetada. Minha síntese para isso é a de um corpo muito bem articulado, mas que so rasteja.

E não faze nenhum sentido que isso aconteça em outro lugar que não a rua, a calçada, o poste. Isso pq é nesse lugar que esse corpo pe permitido a viver.

Abaixo uma versão preliminar da intervenção, que foi apresentada dentro da programação do evento "20minutos.MOV", no cafofo couve-flor (espaço de trabalho da couve-flor minicomunidade artística mundial), em novembro de 2010.

Nela Princesa rasteja pela rua durante a noite e adentra o espaço o cafofo, com um animal que procura pela jaula. Linda, mas enjaulada.

Depois dese dia entendi duas importantes características do lugar-tempo em que a ação pode-deve acontecer:
1. Entendi que o memento não á a noite. A fricção e a ambiguide estão extamente no fato desse corpo ocuparo o espaço público durante os momentos em que a princípio não são permitidos: o dia. É importante retirar esse corpo da condição de noturno e dar a ele o poder de viver o dia.
2. Não se trata de qualquer rua. Existe uma potência na ocupação de ruas e calçadas onde durante a noite os corpos travestis estão a venda.

Segue aí uma edição da versão apresentada em novembro de 2010.
Câmera e edição: Alessandra Haro

Não alimente os animais (fase 1)

O primeiro material performático que entendo como desdobramento da pesquisa que tenho desenvolvido no Travesqueens é a intervenção "Não alimente os animais", que teve sua primeira aparição num ensaio fotográfico construído entre Princesa Ricardo e Aurélio Dominoni.

As fotos acabaram sendo ponto de partida para a elaboração da ação performática, que teve sua estréia oficial na bienal de Par em Par (Fortaleza - outubro de 2010).

As fotos que seguem são o material bruto do ensaio produzido em agosto de 2010. É preciso frizar que se trata de material bruto para o fotógrafo não me comer o fígado. (Não é Dominoni...)








da ambiguidade de todo dia.







Antecedentes performáticos de Princesa Ricardo

Fiquei com vontade de contextualizar um pouco o caminho que me trouxe até a Princesa.

A trajetória de trabalho de Princesa Ricardo (sim, agora me chamo oficialmente assim) é marcada de diversas formas pela discussão de diversidade sexual.

Em 2003, nas performances Desenhos de uns sexos (uma parceria com o artista curitibano Leo Gomes) e Desenhando uns sexos em versão solo pude explorar minhas primeiras inquietações com relação às pseudo obrigações do “ser homem socialmente”.

Com as performances Família dos Batráquios (de 4 horas de duração); Homem branco, ocidental, classe média; e Pelo a menos no país das maravilhas, todas de 2004, dei continuidade à pesquisa que relaciona dança e sexualidade, incluindo minha história pessoal como uma das ferramentas para acessar alguma sensibilidade coletiva.

Pelo a menos no país das maravilhas (obra inteira):




Pelo a menos no país das maravilhas - Ricardo Marinelli from ricardo marinelli on Vimeo.


Em 2005, na performance Me apresenta pro He-man, realizei uma primeira aproximação com a construção das orientações sexuais na infância (a performance apresentava uma espécie de programa de auditório pretensamente para crianças e apresentado por um Gogo-boy de sunga e coturno que lembra os trejeitos e a afetação da apresentadora Xuxa Meneghel em seus primeiros programas na década de 80).

Depois de algum tempo voltado para outras questões, volto a refletir sobre o universo da sexualidade no solo Quase nu, de abril de 2008, ainda que este não seja o centro do foco da pesquisa e da cena.

Quase nu (clipe da primeira versão da obra, de 2008)



Neste projeto quero aprofundar a investigação tendo como foco o corpo transgressor das travestis e das drag queens, atacando esses corpos de modo a tornar visível sua potencialidade habitual... elas são simples e complexas como você.

A origem do amor.



Uma referência que há muito me persegue e que neste projeto ganha uma força irrefutável é o filme "Hedwig and the Angry Inch", brilhantemente dirigido e atuado por John Cameron Mitchell (sim, ele dirige e atua no principal papel).

O título do filme foi absurdamente traduzido para o português como "Hedwig: rock, amor e traição", uma leitura que para mim é reducionista demais perto da complexidade e potência que o filme apresenta em diversos de seus elementos, complexidade que também está no título em inglês, que faz referência ao micro pênis que sobra da cirurgia mal sucedida de trangenitalização a que a personagem principal é submetida.

Figurinos e maquiagem impecáveis, atuações na medida certa, um roteiro contundente e uma trilha sonora de chorar. (literalmente). O melhor musical que ví nos últimos anos.

O trailer já é bastante revelador de tudo isso. Vê aí o que você acha.



Muitas poderiam ser as relações que poderia indicar entre Hedwig e Princesa, mas as principais:
1. um desejo de existência rock'n'roll;
2. a ambiguidade entre bizarrices mais estranhas e simplicidades mais românticas e cafonas convivendo na mesma pessoa;
3. a confusão que não se resolve entre permanecer existindo como Hansel (o menino que cresceu na alemanha oriental) e Hedwig (a mulher transexual que fugiu para a America).

Mas o que mais me move, sem dúvida, é o que entendo como argumento principal.
Tudo parte de uma apropriação muito bem feita de diversas perspectivas da mitologia grega a respeito da origem do amor, articulada com a metáfora da divisão entre as alemanhas (no fim das contas a divisão do mundo naquele momento) como a condição de existência de Hedwig. Tanto nos mitos quanto na metáfora o corpo é em sí paradoxo, ambiguidade,completude e falta.

O mito vira uma bela música noi filme, ilustrada de forma também muito feliz. (Sim, eu sou muito fã!)

Aqui o clip de "The origin of love", que integra o filme. (vejam, vejam, vejam!!!!!)



E aqui a letra da Música. (quem não achar incrível ne fale mais comigo).

A Origem do Amor

Quando a Terra ainda era reta
E nuvens feitas de fogo
E montanhas iam até o céu
Às vezes além
Povos vagavam a Terra como grandes barris rolantes
Eles tinham dois pares de braços
Eles tinham dois pares de pernas
Eles tinham dois rostos saindo de uma cabeça gigante
Então eles podiam ver tudo envolta deles
Como falavam; enquanto liam

E eles não sabiam nada de amor
Isso foi antes da origem do amor
A Origem do Amor

E eram três sexos então,
Um que parecia como dois homens
Grudados pelas costas
Chamados de filhos do sol
E em similar forma e cinturão
Eram os filhos da Terra
Eles pareciam duas garotas enroladas em uma
E os filhos da lua
Eram como um garfo impulsionado em uma colher
Eles eram parte Sol, parte Terra, parte filha, parte filho

A Origem do Amor

Agora os deus ficaram um pouco assustados
Com nossa força e intimidação
E Thor disse "Eu vou matar todos com meu marteloComo matei os gigantes"
E Zeus disse "Não
É melhor deixar-me usar meus raios como tesouras
Como cortei as pernas das baleias
E dinossauros em lagartos"
Então ele pegou alguns parafusos
E deixou escapar uma risada
Disse "Eu os dividirei bem ao meio
Vou cortá-los bem na metade"
E nuvens de tempestade se juntaram acima
Em grandes bolas de fogo.

E o fogo caiu do céu em bolas
Como lâminas lustradas de uma faca
E rasgaram direto pela carne
Dos filhos do Sol e da Luae da Terra
E algum deus hindu costurou o ferimento
Em um buraco
Colocou isso em nossas barrigas
Para lembrar do preço que pagamos
E Osiris e os deuses do Nilo
Fizeram uma grande tempestade
Para soprar um furação
Para nos separarSob a chuva
E um mar revoltoPara nos levar para longe
E se não nos comportamos
Vão nos cortar de novo
E iremos andar sobre um pé
E olhar por um olho

A última vez em que lhe vi
Nós tinhamos acabado de nos separar
Você estava olhando para mim
E eu para vocêVocê tinha um jeito tão familiar
Mas eu não pude reconhecerPorque tinha sangue em seu rosto
E eu nos meus olhosMas poderia jurar pela sua expressão
Que a dor em sua alma
Era a mesma que a da minha
É a dor
Que corta uma linha pelo coração
Nós chamamos de amor
Então nos envolvemos nos braços um do outro
Tentando juntar nossas almas de volta
Nós estávamos fazendo amor
Fazendo amor

Foi a fria e sombria noite há muito tempo atrás
Quando pela força da mão de Jupiter (zeus)
Essa foi a triste história de como viramos
Solitárias criaturas bípedes
É a história
A Origem do Amor
Essa é a origem do amor

Princesa dos Cabelos Mágicos

Eu sou o que é Ricardo Marinelli e também sou o que é Princesa dos Cabelos Mágicos.

Ricardo é uma menina de voz esganiçada que adora fazer piada, pensa muito em sexo e é hiperativa. Princesa é um homem agressivo, que aprendeu a se defender na rua e que não tem medo de assumir sua marginalidade.

Princesa dos Cabelos Mágicos é também o nome de um desenho animado que Ricardo assistia muito quando criança. Durante muito tempo Ricardo acreditou que tinha sido a única criança no planeta a assistir esse desenho, já que diversas vezes tentou conversar a respeito das aventuras de bela e pequena princesa e nunca encontrou algum colega que tivesse notícia de tão fantásticos cabelos. Teria ele inventado um pseudônimo feminino infantil para si mesmo e depois se convenceu que a Princesa realmente existiu? A dúvida só deixou de assombrar Ricardo quando encontrou diversos episódios do desenho no youtube.

para provar que Ricardo não enlouqueceu, a abertura do desenho:

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Andrógino












O top andrógino Andrej Pejic, que desfila em coleções masculinas e femininas, confundiu a revista masculina FHM Magazine. A publicação o escolheu entre as 100 mulheres mais sensuais de 2011. O modelo ficou na 98ª posição, à frente de Lady GaGa e Izabel Goulart.
Posteriormente a revista publicou um comunicado oficial em que pede desculpas pelo ocorrido.

queen






quinta-feira, 19 de maio de 2011

Ela por Ela

Oi gente!

Me chamo Sayara.

Mas se preferirem podem me chamar de Elielson também, pois somos a mesma pessoa.

Gosto das coisas simples, aprecio a boa educação, como frango assado com a vovó, aprendi dança do ventre através do you tube com a profª Suheil, leio bula de remédio, prefiro cítricos, aprecio o quibe de uma das lanchonetes do Chinês que fica no centro de Teresina, em casa faço salada, cuzcuz e freedownloads, aprecio fazer caminhadas por trilhas com Sheila Ribeiro, e fico intrigada por não ver nenhuma trans na universidade onde estudo.

Gosto muito de trabalhar. Sou editora de vídeo (principalmente na área de documentário), estudante de Letras, artista do Núcleo do Dirceu e cuido das plantas da vovó.

Para mim um homem para namorar tem que ser bonito e gostar de trabalhar!

Há alguns dias atrás aconteceu um caso bem interessante: estava no bar Âncora do Marujo em Salvador-BA, junto de uma amiga Giórgia Conceição, um rapaz me disse que não entendia porque eu não raspava os pêlos da minha perna. Ele disse que eu parecia aqueles homens que, durante o carnaval, põe apenas vestido e baton e saem nas ruas, e que essa mistura pra ele era muito sexy! Achei que essa foi uma boa definição, por me incluírem como um homem que está brincando de ser mulher.

Bom, estou muito feliz de estar aqui e poder começar esse trabalho trans com as queridonas Princesa e Cíntia.

Ainda não sabemos no que essa mistura vai dar. As vezes gosto de pensar que seremos como as:


The Supremes:


ou as SNZ:


ou as Destiny Childs:


ou as Hologramas:


Ou provocantes como Mario Banana:

http://www.youtube.com/watch?v=1Ku9sGT2Ugg

Ou atrapalhadas como o trio Chico’s Angels:

http://www.youtube.com/watch?v=syiabe_JEgc&feature=related

Ou que devemos competir entre nós num bate cabelo tipo “voogue” dos EUA:

http://www.youtube.com/watch?v=WnugXdXieLM

Ou que contaremos histórias como essas:

http://www.youtube.com/watch?v=jfC5B1dsc2M&feature=related

Ou que seremos como essa música:

http://www.youtube.com/watch?v=VOIMz_PeaCs&feature=related

Ou que leremos juntas livros como o desse antropólogo:

http://vimeo.com/6668794



Olha, existem mais duas formas de vocês me conhecerem:

1-Através de uma série de fotos que pus abaixo

2-Através de uma entrevista que dei para o blog do artista e amigo Adler Murad:

http://nononotion.blogspot.com/

É isso por enquanto!

Beijinhos

Da Sayara



Por Marber Ramos


Por Fabrício Renato


Por Cristian Duarte


Por Klara Alexova


Por Luana Maria Vasconcelos


Por Joubert Arrais


Por Layane Holanda


Por Yang Dallas


Com Rebeca e Zeynep Gunsur


Com Damaris D’arc


Com Cipó Alvarenga

Por Valério Araújo


Com os bboys Fedó e Rael


Com Biani Luna


Com meu vovô

Por Valério Araújo


Com Sheila Ribeiro no Legenda Diet

Por João Milet Meirelles


Sayara vai ao shopping com as amigas Cíntia e Rebecca

Por Zeynep Gunsur


A Sayara veste seus amigos de Sayara

Por Valério Araújo


Sayara está no Idanca

http://idanca.net/lang/pt-br/2010/04/29/o-que-voce-tem-feito-12/14843


Sayara imitando Sheila Ribeiro

Sexo doce: Ru!

Por Valério Araújo


Sayara apresenta seminário na UFPI


Sayara em A onça dormiu

Por Valério Araújo


A Sayara foi convidada para ensaio fotográfico vestindo peças de Rafael Lopez onde ela vai incorporar travestis assassinadas

Por Jell Carone



Sayara by Sayara